Segundo a Psicologia Budista, de uma maneira muitíssimo sucinta (pois a Psicologia Budista é bastante extensa e explicativa), a raiva é uma emoção prejudicial pois é baseada na projeção e no exagero, e não em sabedoria e discriminação. Por isso, é um erro. Sua base mais essencial é a aversão, a vontade de jogar algo para longe de nós — ou de não experimentar algo. Há uma categorização das motivações humanas mais essenciais que as dividem em três: Apego (Desejo), Aversão (Desejo de evitar) e Neutralidade (ou Inércia / Ignorância). A Raiva está no grupo da Aversão.

Para tratá-la, precisamos de sabedoria e discriminação. Isso corrige a visão que está equivocada e, assim, reduz e elimina a raiva. Como comportamento imediato de cura, precisamos de paciência. A raiva tem um aspecto muito imediato e destrutivo, que precisa de uma interrupção sustentada, para não causar danos, e para promover a reflexão dos problemas internos que a causaram.

Mas pense nos dois primeiros termos: Projeção e Exagero. A Projeção é o mecanismo de inserir no outro algo que não é dele, mas que é meu. Minha concepção, minha idéia, meu preconceito. Geralmente contém uma idéia de ofensa (“eu fui ofendido”, “fui desrespeitado”, “fui diminuído”, “fui ignorado”, “fui acusado”, etc). O exagero sabemos bem o que é, é uma acentuação, um agravamento causado pela visão distorcida da mente. Que, por sua vez, é causada pela Projeção. Então temos aqui uma distorção de natureza (projeção) associada a uma distorção de intensidade (exagero).

Como exercício, da próxima vez que sentir raiva, conte até 100 e reflita sobre esses aspectos aqui descritos. Se puder, pergunte-se: que projeção e exagero está ocorrendo em mim neste momento?