Como é a Terapia
A abordagem Integrativa, as sessões e como começarConhecer e cuidar de si mesmo.
O que acontece na minha vida, no jeito que eu experimento a vida, que me causa insatisfação ou outra condição “ruim” ou “negativa”? São as condições em que vivo, as pessoas, o mundo, ou há algo que eu possa fazer em mim para mudar, entender e viver melhor?
O que me impede de viver como eu gostaria, plenamente?
O que consome minha energia, minha motivação e minha ação a cada momento, a cada dia? O que vem acontecendo comigo e que relação tem isso com minhas intenções, minhas crenças e minhas atitudes?
Que vida é essa? É assim mesmo? Há uma solução? Como me encontro nesse processo aparentemente sem sentido, ou com sentido oculto, e superficialmente caótico?
O papel primordial e fundamental da consciência e da mente em nossa experiência de viver no mundo só encontram elucidação suficiente e ampla apenas na abordagem Humanista e Transpessoal da Psicologia Moderna, ou, mais ainda, nas Ciências da Mente orientais onde esse esclarecimento foi realizado primeiramente. Não só elucidação, mas o caminho e as experiências para a realização integral dessa compreensão – o empirismo de descobrir si mesmo e suas verdades, a liberdade e a felicidade como experiências reais vindas do real e não conceitos ou diagnósticos médicos ou psicológicos.
“O verdadeiro fundamento das coisas é o superconsciente, não o subconsciente” (upari budhna esham), explica o filósofo yogue Sri Aurobindo (1872-1950). Esse é um dos fundamentos importantes do Yoga, em evidente contraste com a ainda iniciante ciência da Psicologia ocidental, que começa, com Sigmund Freud, a estabelecer conclusões sobre quem somos a partir do estudo de casos clínicos de pessoas doentes. O estudo de pessoas virtuosas, pacíficas, altruístas, iluminadas, começa na Psicologia Ocidental com William James e Carl G. Jung, e só se estabelece com o início da Psicologia Humanista, nos Anos 70, e se consolida com o aparecimento da mais recente Psicologia Transpessoal.
A partir da abordagem dessa Terapia Transpessoal e das Ciências da Mente orientais encontramos esse caminho de Ser, as sabedorias, entendimentos e práticas que para a cura do nosso modo de viver e compreendar a vida, sempre baseada na profunda consciência de viver. Experimentar a vida de maneira plena requer que nos demos conta de nossos enganos ainda ocultos, efeito dos mecanismos do ego. Perceber o que interrompe e interfere nossa experiência livre e autêntica de viver é entrar no processo de trabalhar consigo mesmo, vendo os próprios conflitos, angústias e sofrimentos de perto, passo-a-passo, com paciência, amor próprio e consciência atenta. O trabalho interior é o próprio processo espiritual. E isso envolve também a educação de nossa mente, que nunca recebeu qualquer atenção nem treinamento desde a infância.
O caminho começa pelo empenho em buscar a consciência, a presença e a auto-responsabilidade, encontrando a re-integração que nos liberta dessas condições insatisfatórias, limitadoras e repetitivas. Essa mesma consciência que é a essência do ser humano e que é o caminho e o desenvolvimento de todas as grandes portas do ser humano pleno, principalmente do seu despertar — a experiência suprema de liberdade, felicidade e verdade sobre si mesmo.
A terapia é ajuda humana nesse caminho de cuidar da própria vida, de si mesmo, do que somos e do que podemos ser.
A monumental tradição do Yoga indiano possui essa oração/mantra que contém esse desejo profunda do Ser sair desse lugar de confusão e sofrimento, em direção ao auto-conhecimento e ao despertar para uma vida de sabedoria.
oṁ asato mā sat gamaya – Conduza-me da ilusão para a Verdade
tamaso mā jyotir gamaya – Da escuridão para a Luz
mṛtyor mā amṛtaṁ gamaya – Da morte para a imortalidade
Este conhecido mantra da tradição espiritual do Yoga é parte do Bṛhadāraṇyaka Upanishad (1.3.28), datado de aproximadamente 2.600 anos e considerado um aspiração eterna da humanidade, talvez ainda mais em nossa época, depois de entendermos à nossa maneira ocidental – por Freud, Jung, Perls, Maslow – o que significa caminhar do irreal para o real, da confusão para a claridade, da decadência para a vida. O mantra termina com “oṁ śāntiḥ śāntiḥ śāntiḥ” (que haja paz, paz, paz). A paz que é fundamental em qualquer estabelecimento de lucidez para entender qualquer coisa na vida.
Da escuridão da inconsciência para a luz da consciência. Abandonando nosso viver limitado e armado pelo ego – através de julgamentos, acusações, agendas pessoais, opiniões e identificações – podemos deixar a consciência de quem realmente somos viver – e vermos que somos intrinsecamente interconectados, essencialmente livres e naturalmente inteligentes.
Presença e Consciência.
Viver com a potencialidade humana que nos é inerente significa, primeiramente, viver o momento presente como ele é, e, a partir daí, encontrar as verdades mais importantes desta própria existência e condição humana. E enquanto não estamos nesse fluir, temos que nos aprofundar e descobrir como vivemos e como isso nos impede de viver — sejam pensamentos, crenças, hábitos, sentimentos ou atitudes. Temos que fazer contato com o que sentimos, com o que fazemos e com o que pensamos, aqui e agora, abrindo os campos, ampliando a consciência e limpando a mente para que a vida possa se revelar. Este é o foco do trabalho terapêutico que realizamos. É terapêutico, contemplativo e também auto-educador. O auto-conhecimento é por si mesmo libertador e capacitador.
Em nosso momento atual, de intenso estresse de tempo, distrações permanentes e individualismo acentuado, é cada vez mais imprescindível que desenvolvamos as capacidades da consciência há muito tempo atrofiadas. A calma profunda, a entrega, o domínio sobre a própria mente e o contato íntimo com as próprias emoções e impulsos são necessidades do ser humano que precisam ser redescobertas, desenvolvidas e estabelecidas. Ao invés de perseguimos inconscientemente metas meramente “externas”, materiais, ou objetivos apenas socialmente reconhecidos, é necessário penetrar em nossa vida interior, onde estão as respostas para nossa felicidade, nossa realização pessoal, nossa saúde e nossa capacidade de realmente viver.
❝Não procures fora❞.
— Ralph Waldo Emerson, filósofo transcendentalista e poeta americano (1803-1882)
Sobre as sessões.
→ Os atendimentos são individuais em sessões semanais de que duram de 45 minutos a 1h (uma hora).
As sessões são o centro do processo de psicoterapia, em que via de regra começamos em diálogo comum, trazendo as questões em evidência ou explorando livremente o que quer que queira ser explorado, de sensações vagas à confusões objetivas do dia-a-dia, e vamos abrindo o caminho a partir daí. As técnicas terapêuticas vem das várias fontes mencionadas, mas principalmente Gestalt Terapia, da Psicologia Transpessoal e das Meditações, em suas mais variadas formas e capacidades.
A abordagem.
A abordagem Integrativa é, como o próprio nome diz, integrativa e integradora. É integrativa pois busca a integração do ser humano no todo que é, e que precisa ser, para funcionar saudavelmente e viver com sentido. A maioria das pessoas não tem consciência que a fragmentação e a desintegração é um dos pontos-chaves do seu sofrimento, apesar de buscarem inconscientemente sua coesão interna, seu centro, sua verdade, sua noção clara de quem é, do que quer fazer, do que sente, do que pensa, e de como viver com essa consciência maior.
As abordagens mais específicas variam da à Gestalt Viva de Claudio Naranjo, É Integrativa também por ser integradora de diferentes correntes, de abordagens complementares, não se limitando a uma visão ou técnica. A característica dessa abordagem Integrativa aqui é o pressuposto da consciência como fundamento de si mesmo e da realidade, algo empírico na dimensão íntima e pessoal. As três principais abordagens integradas aqui são a Gestalt (Humanista), a Transpessoal e as ciências contemplativas orientais, principalmente a meditação “mindfulness” e a em silêncio.
A Terapia Transpessoal é considerada a “Quarta Força da Psicologia”, uma das mais recentes e mais inclusivas, aquela que parte da consciência como fundamento da vida humana e da existência, ampliando e possibilitando a compreensão mais profunda da complexidade do ser e das inúmeras redes em que está imerso. É um entendimento do ser humano que inclui mas vai além do ego, e que recentemente vem sendo mais estudado e compreendido por estudos científicos, pela neurociência e por filósofos como Fritjof Capra e Ken Wilber. Embora seja uma abordagem ocidental, criada inicialmente por Abraham Maslow e mencionada antes mesmo por Carl G. Jung, é consonante com visões de sábios orientais, como do filosofo indiano do super-consciente Sri Aurobindo.
A Terapia Holística é baseada no Holismo, o entendimento do ser humano como um organismo vivo, sistêmico e interdependente, que é um “todo maior que a soma de suas partes” (“holos”, do grego: todo, inteiro, total), como foi proposto inicialmente por Jan Smuts (1924). É relacionada diretamente com o Pensamento Sistêmico, a Teoria do Campo e coerente com visões da consciência universal como da ciência védica (origem do Ioga). Alternativamente à outras abordagens e à visão reducionista que ainda predomina em parte da nossa ciência ocidental, não entende nem trata partes isoladas do todo. A especificidade da Terapia Holística que praticamos é ter a base na visão da consciência como fundamento da existência e propulsora do despertar, e no papel do desenvolvimento da mente para esse despertar — visão que está em boa parte das ciências orientais de auto-conhecimento como o Budismo e o próprio Ioga. Entre as abordagens ocidentais, alinha-se mais com a Psicologia Transpessoal e a Gestalt Terapia, centrada no estar presente, na confiança da auto-regulação organísmica e na auto-responsabilização. Há também a inserção de técnicas como meditações guiadas, meditação individual, Mindfulness e práticas preventivas e equilibradoras naturais de saúde do Ayurveda.
As abordagens Transpessoal e Holística são irmãs, por suas tangências na compreensão da vida e do homem como um organismo inteiro e maior que suas partes isoladas, e também maior que si mesmo, contendo em si a inteligência e a conexão com os todos maiores. São, possivelmente, as duas mais próximas das sabedorias espirituais e ciências do Oriente. O Holismo é, na verdade, uma visão integral, científica e filosófica, para além de ser “apenas” uma abordagem psicológica ou terapêutica, e neste ponto ambas se contribuem mutuamente.
A Gestalt Terapia também é uma abordagem psicoterapêutica e ao mesmo tempo mais que isso, é uma maneira de entender e estar no mundo (também fortemente baseada no Holismo). É centrada no “dar-se conta” (tradução particular do conceito de “awareness”), ou seja, na ampliação da consciência e da atenção de uma pessoa sobre si mesma no momento presente, aqui-e-agora, com o objetivo essencial de percebê-lo e aceitá-lo inteiramente, reconhecendo limitações, desequilíbrios, pendências e insatisfações. Como intenção subjacente, a Gestalt visa a mudança do apoio ambiental (externo) para o auto-apoio, pela tomada de responsabilidade, princípio fundamental para a erradicação dos enganos mais profundos do viver. A Gestalt se baseia no conceito holístico do ser humano como um todo auto-inteligente e na capacidade desse organismo se auto-gerir e auto-regular. Entre as influências mais decisivas estão a Fenomenologia, a análise do caráter de Reich, a teoria organísmica de Kurt Goldstein, o Zen Budismo, a teoria do campo de Kurt Lewin e a própria Psicanálise.
Paralelamente à Gestalt-Terapia, também usamos como instrumento de auto-conhecimento a Psicologia dos Eneatipos, considerada uma abordagem profunda de análise de personalidade como concebida por Oscar Ichazo e Claudio Naranjo. Através dela, descobrimos nossas motivações íntimas, nossos comportamentos viciados e construímos um caminho a partir dessa consciência e integração.
A quem é indicada.
A Terapia Integrativa, assim como as abordagens Transpessoal e a Gestalt Terapia, além da própria meditação, são indicadas para todas as pessoas, já que são trabalhos de auto-conhecimento, cura e desenvolvimento de si mesmo.
Não é necessário ter nenhum distúrbio nem desequilíbrio visível para fazer e se beneficiar imensamente desta abordagem, que é voltada essencialmente ao auto-conhecimento e ao desenvolvimento humano e espiritual independente da situação.
Entre os principais casos que motivam as pessoas a nos procurarem estão a vontade de se conhecerem mais profundamente, vontade de desenvolver mais equilíbrio e sentido interior, as que atravessam crises de angústia, solidão ou conflitos de relacionamento, e também as que estão experimentando ansiedade, baixa auto-estima, insatisfação permanente, desmotivação, indefinições profissionais, iminência de mudança ou crise, problemas de relacionamentos, frustração com a repetição de padrões pessoais (ex: submissão aos outros, super-exigência de si ou dos outros, necessidade de controle constante, instabilidade emocional, auto-vitimização, etc), entre outros.
OBS: Esta terapia não é recomendada apenas a pessoas com quadros psicóticos. Temos profissionais de Psiquiatria e Psicologia para recomendar nestes casos específicos, que depois trabalham comigo unindo medicação ao trabalho terapêutico.