Por Luiz Fernando Pereira
Terapeuta, Hridaya Terapia

Os atendimentos de terapia online já acontecem há bastante tempo, talvez mais de uma década, devido à evolução da tecnologia (vídeo, banda larga, apps, etc) e da redução das objeções culturais, mas aqui eu realizava apenas em duas condições especiais: (1) para brasileiros no exterior, que buscavam comunicação em sua língua nativa, ou, mesmo que pudessem fazer em língua estrangeira, que preferiam o contato com um terapeuta do seu país e cultura, ou (2) pessoas que já faziam terapia presencial comigo e que estavam em viagem ou morada provisória fora do alcance do consultório em São Paulo. Aos poucos, por vários motivos (como a divulgação do trabalho na Internet e a necessidade de pessoas fora dos grandes centros de fazer terapias com abordagens ou terapeutas específicos), o modo remoto de atendimento foi ganhando espaço e efetividade. Terapeutas e pacientes foram se familiarizando com as vantagens e limitações do contato por computador, e a própria Internet foi evoluindo em infra-estrutura, velocidade para conexões de vídeo ao vivo, e ferramentas para realizar isso.

Hoje, com a pandemia, essa expansão ganhou um novo patamar: o de um modelo que veio pra ficar. Temos a infra-estrutura avançado para um nível satisfatório, inclusive com wifi de alta velocidade se expandindo rapidamente em áreas rurais remotas, 4G e 5G idem, além de múltiplas possibilidades de plataformas, como Zoom, Meet, Skype, Teams e WhatsApp Video. Mais do que isso, devido à realidade de que praticamente todos tiveram que trabalhar remotamente em algum nível durante a pandemia, a cultura do contato remoto para trabalho e resolução de questões sérias, a própria terapia se estabeleceu de maneira consolidada. As objeções caíram a praticamente zero, e isso possibilita, inclusive, o aumento dos benefícios, pois sem resistência há mais abertura e sintonia mútua.

Não só a terapia está acontecendo neste novo modelo, mas várias outras funções também se consolidaram no modo online, como personal trainers, professores de diversas categorias (idiomas, ciências, gradução, pós-graduação, etc) e os hospitais e clínicas, com a teleconsulta. O preconceito com esse modelo está nos seus últimos dias, e mesmo as mais críticas limitações do atendimento remoto podem estar sendo superadas pelas vantagens e necessidades do processo online.

Também vejo, no ambiente de prática espiritual mais direta, como nas sadhanas em Templos Budistas e Satsangs de Yoga, por exemplo, há um grande movimento de adaptação online, inclusive com inúmeros ensinamentos, práticas e até retiros online. Mestres e professores que inicialmente pareciam resistentes ou em espera, se abriram ao ambiente online e estão ensinando e praticando. O próprio Dalai Lama, Tenzin Gyatso, pela primeira vez (que eu tenho notícia), concedeu uma iniciação de Budismo Vajrayana online, um evento originalmente mais reservado a templos e grupos fechados.

Sobre essa consolidação da terapia online como novo modelo possível universal, gostaria de manifestar 5 observações importantes que venho verificando desde que a pandemia chegou. Farei isso na segunda parte deste post, aqui.

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