O psicoterapeuta alemão Bert Hellinger, referência na técnica das Constelações Familiares, diz em um de seus conhecidos aforismos que nos relacionamos com nosso sucesso como nos relacionamos com nossa mãe. “O sucesso tem a face da mãe“, nas suas próprias palavras. Refletindo sobre isso, sem assumir que seja uma verdade psíquica absoluta, podemos tentar buscar a existência de associações e relações entre sucesso e a mãe. Hellinger ressalta que se houver alguma interrupção na aproximação do filho(a) em relação à mãe, haverá um problema no movimento desse filho(a) com o seu sucesso pessoal e profissional.

Veja o que ele diz no livro “Êxito na Vida, Êxito na Profissão” (Editora Atman, 2009): 

“O movimento em direção à mãe interrompido precocemente tem amplas consequências para a vida posterior e para nosso sucesso. Como isso se mostra em detalhes? 

Mais tarde quando essas crianças querem ir em direção a alguém, por exemplo, a um parceiro, seu corpo se lembra do trauma da separação precoce. Então se detêm internamente em seu movimento em direção a ele. Ao invés de se dirigirem ao parceiro, ficam esperando que ele venha em sua direção. Quando ele realmente se aproxima, frequentemente têm dificuldade de suportar sua aproximação. Rejeitam- no de uma ou de outra forma, ao invés de receberem-no felizes e tomá-lo. Sofrem com isso e mesmo assim só podem se abrir para ele hesitantes e, quando fazem isso, muitas vezes o fazem só por um curto espaço de tempo. 

Algo parecido ocorre em relação ao seu próprio filho. Algumas vezes também suportam com dificuldade a sua proximidade. 

Qual é a solução?

Em primeiro lugar, seguindo os princípios da própria Gestalt Terapia, é permitir que essa configuração apareça como movimento real no processo terapêutico, no tratamento de uma questão (geralmente ligada ao sucesso, neste caso). Uma vez que isso seja de fato um problema real, e não uma teoria ou associação artificial ou forçada de alguma maneira, o que se faz desejoso ou necessário para a saúde do indivíduo é naturalmente a desobstrução, a libertação da pessoa desse ciclo estabelecido e que permanece como demanda inconsciente até o presente momento (de novo, com reflexos constatados no sucesso). Ou, usando termos clássicos dessa abordagem, buscar o fechamento desta Gestalt aberta.

Bert orienta a buscarmos a origem e repararmos o movimento que foi bloqueado na origem. “Esse trauma é superado onde começou pois, quase sempre atrás de cada trauma existe uma situação na qual o movimento que havia sido necessário não foi possível, de forma que permanecemos imóveis em tal situação, como enraizados ou paralisados.” (Bert Hellinger). Refazer o movimento, se conscientizar da possibilidade dele, e de fato realizá-lo, segundo essa visão de Hellinger, seria o caminho da reparação. As capacidades geralmente estão dadas, e, se não, podem ser desenvolvidas, e essa prisão psíquica pode ser curada. Assim como todos os movimentos insalubres atuais que estavam associados ou decorriam dela.