SolidãoA Gestalt Terapia e práticas como a meditação, ambas abordagens usadas aqui na Hridaya, estão baseadas nesse princípio fundamental que é o de primordialmente aceitar as coisas como se manifestam, vê-las e ouvi-las aberta e profundamente, ao invés de rejeitá-las ou suprimi-las. A experiência da dor, do desconforto ou de situações como a solidão são manifestações que fazem parte da vida, da realidade, e por isso precisam ser experimentadas e compreendidas. De dentro da experiência do desconforto e sofrimento que às vezes temos ao experimentá-la, há uma inteligência do organismo buscando um equilíbrio. Ao abrirmos nossa porta para a experiência dessa realidade, estamos abrindo um caminho primeiro para o contato com a realidade, que é um imenso passo de maturidade, e também para a expressão, a compreensão e a cura do que quer que esteja interrompendo nossa vida e nosso crescimento. Isso não extingue do universo a solidão, ou a experiência de se estar sozinho(a), mas permite uma nova dimensão e compreensão de si mesma e da vida aparecer e se desenvolver.

No trecho abaixo, o psicólogo e professor Marcos Bueno fala sobre esse processo na solidão:

“A solidão, assim como a doença, pode ser um caminho amadurecido para uma vida melhor. É preciso termos a coragem de aprender com ela e não apenas rejeitá-la. Rejeitar nossa solidão é o mesmo que rejeitar nossos defeitos, nossas misérias humanas. É como se não falássemos em doença e a doença deixasse de existir. Há pessoas que fazem de tudo para evitar falar sobre a solidão, sobre a doença, sobre as misérias humanas. No fundo, é apenas uma tentativa de se evitar o contato com a realidade”.
— Marcos Bueno, psicólogo, professor e psicoterapeuta de abordagem gestáltica e ericksoniana, na Superinteressante (2006)