Qual o papel da verdade em nossas vidas? E da sinceridade? Da honestidade?

Qual a função dessa verdade, sinceridade e honestidade na vida em um relacionamento conjugal? De família? Entre amigos? Vizinhos? Sociedade?

E, principalmente, qual a nossa verdade interior? Se formos honestos com nós mesmos, que verdade encontramos?

Há muito tempo a maioria de nós não vive vidas reais, vidas de verdade. Vivemos vidas condicionadas, limitadas de várias maneiras, desorientadas por desejos como o de querer ser tal ou tal pessoa, ou de querer experimentar um tipo de situação específica – de prazer, sucesso, segurança, isolamento.

Assim, o Amor não acontece, pois o Amor precisa de verdade, de liberdade, de coragem. Esse belo poema-manifesto pela verdade abaixo, da terapeuta Paula Jácome, é uma dedicação ao Amor.

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Verdade, pra que haja amor

Por Paula Jácome

Se você não fala pra proteger algo, aquilo que está protegendo, não é verdade.
Se não conta o que gosta, pra proteger o casamento, se não fala pro amigo, pra proteger a amizade.
Se, não diz que o tio passou a mão na sua bunda, pra manter a família unida Verdade.
O que está tentando manter é a ilusão de um relacionamento.
A ilusão de uma amizade.
A ilusão de uma família.
Que, para ter uma chance de existir de verdade, precisa de verdade.
Pra ter uma chance de amor, precisa da verdade, de verdade.
Vivemos em tantas ilusões, sustentamos tantas mentiras, que nem sabemos mais o que é real.
Temos tanto, mas tanto medo de não sermos aceitos, que aceitamos, escondemos, abusos, violências, que esquecemos o que somos e acreditamos.
E, assim, acabamos cúmplices da própria violência, da mentira.
Homossexuais que não contam às famílias sobre seus amores.
Familiares que vêem suas crianças sofrerem abusos físicos, mentais, sexuais até.
Vizinhos que se assustam com a violência doméstica e não falam nada.
Amigos que escutam calados fofocas sobre amigos e não se posicionam.
Filhos que vêem irmãos não serem convidados pras festas, pois são filhos de outro pai, ou mãe.
Homens traídos, mulheres submetidas, vítimas de relações abusivas.
Todos cúmplices calados.
Pra que haja amor, pra sairmos das ilusões, eu desejo verdade.
Com todas as suas consequências, com toda sua desconstrução.

Pra que haja amor, verdade.

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