Esse texto sobre confusão e sofrimento abaixo é de autoria da terapeuta americana Byron Katie, conhecida por seu processo intitulado “The Work“, ou O Trabalho, em português, que promove o confronto de verdades entre pensar, sentir e agir na vida de cada um de nós. E que compartilha dos fundamentos da abordagem que usamos aqui. O ponto central aponta a confusão como o único sofrimento que existe, e define confusão como “argumentar com o que é“. Argumentar num sentido de confrontar, resistir, lutar contra.
A confusão só pode existir por algum tipo de ignorância, e isso define a sabedoria, o conhecimento e a clareza como aceitar, acolher e fluir com a realidade, com o que é. Uma visão que deixa implícita uma condição de integração, plenitude e compreensão do momento presente como tudo que há.
Como terapeuta, Byron enfatiza a confusão e essa expressão de “argumentar com o que é” provavelmente porque ao pararmos de argumentar com o que é, quebramos um dos principais obstáculos para ver o que é, para reconhecer o que é e parar de gerar tensão, estresse e sofrimento nessa luta. Ao pararmos de discutir com as coisas que são, vemos que a discussão é baseada em algo inventado, acreditado e mantido em nós, geralmente uma crença sobre pessoas, eventos e sobre nós mesmos que Byron Katie costuma chamar de “estória“. Uma estória construída e tecido pelos pensamentos, que se mantém costurada até hoje à nossa maneira de experimentar a realidade.
Há uma frase que costumamos usar nas abordagens mais existencialistas de Terapia que diz simplesmente o seguinte: “é o que é“. Como se disséssemos: com o que é não se argumenta. O que se faz é observar os processos que interrompem, distorcem e resistem à essa experiência do que é.
Leia as palavras de Katie e faça sua reflexão:
CONFUSÃO É ARGUMENTAR COM O QUE É
Na minha experiência, confusão é o único sofrimento. Confusão é quando você argumenta com o que é. Quando você estiver perfeitamente limpo, claro, o que é é o que você quer. Por isso quando você quiser algo que é diferente do que é, saiba que você está muito confuso.
Conforme você investiga seus próprios pensamentos, você descobre como o apego a uma crença ou estória causa sofrimento.
A condição natural da mente é paz.
Então um pensamento entra, você acredita nele, e a paz parece desaparecer. Você percebe o sentimento do estresse no momento e o sentimento lhe permite saber que você está se opondo ao que é ao acreditar naquele pensamento; ele te revela que você está em guerra com a realidade.
Quando você questiona um pensamento por trás do sentimento e percebe que ele não é verdadeiro, você se torna presente fora da sua estória. Então a estória se esfarela na luz da consciência, e apenas a consciência do que realmente é permanece. A paz é quem você é sem uma estória, até que a próxima estória estressante surja. Eventualmente, a investigação se torna viva em você como a resposta natural e silenciosa da consciência aos pensamentos que surgem.
— Byron Katie
//////////