O trabalho sobre a infância é tão fundamental em psicoterapia, seja qual for a abordagem adotada, que já existem processos terapêuticos dedicadas inteiramente a ela. Abaixo, uma palavra do psiquiatra suíço Carl Jung sobre os processos terapêuticos que nos levam à libertação dos traços infantis que atuam na experiência do indivíduo em idade adulta.
“Claro que é impossível ser libertar da própria infância sem dedicar um grande trabalho sobre ela, como as pesquisas de Freud já mostraram há muito tempo. E também isso não pode ser alcançado apenas através de conhecimento intelectual; o que é efetivo é um lembrar-se que é também um re-experimentar. A rápida passagem dos anos e a irrupção transbordante de um mundo recém descoberto deixa uma massa de conteúdo para trás que nunca é trabalhado. Nós não mexemos nisso, apenas nos retiramos dele. De modo que, anos mais tarde, retornamos às memórias da infância, descobrimos pedaços de nossa personalidade ainda vivos, que se apegam a nós e nos sufocam com o sentimento de tempos antigos. Estando ainda em seu estado infantil, esses fragmentos são muito poderosos em seus efeitos. Só poderão perder seu aspecto infantil e serem corrigidos quando forem reunidos com a consciência adulta. Esse “inconsciente pessoal” devem ser sempre trabalhado primeiro, isto é, ser tornado consciente, senão o portão para o inconsciente coletivo não poderá ser aberto. A jornada com o pai e a mão para cima e para baixo em várias ladeiras representa a conscientização dos conteúdos infantis que ainda não foram integrados”.
— CARL GUSTAV JUNG, “Psychology and Alchemy”, The Collected Works of C.G.Jung, Volume 12, pg 92.