A atenção plena, ou mindfulness, é uma prática com implicações e capacidades muito maiores que a calma ou outro benefício mais utilitário para a saúde pessoal. A atenção plena é um instrumento para o domínio da própria mente, e, no caminho da prática, experimentar benefícios como este do exemplo que o estudioso e praticante budista Peter Della Santina dá no trecho abaixo: nos proteger e libertar de desejos e manipulações que nosso mundo contemporâneo criou justamente porque somos passíveis de controle, manipulação e fabricação de desejos. As manipulações da industria publicitária, midiática e comercial são apenas algumas delas. A atenção plena é uma clareza que protege o ser das manifestações insalubres que acabam por causar a insatisfação onipresente que sentimos no dia-a-dia.

“A atenção plena (mindfulness) age como um domínio sobre a mente. Assim, se considerarmos como nossa mente geralmente se comporta, poderemos ver uma necessidade por um domínio, um controle sobre nossa mente. Alguns instantes atrás uma rajada de vento fez a janela aqui à minha direita bater. Tenho certeza que a maioria das nossas mentes imediatamente se focou naquele som. Dessa maneira, em quase todos os momentos de nossas vidas, nossa mente está correndo atrás de objetos dos sentidos. A mente nunca está concentrada, ou parada. Os objetos dos sentidos podem ser sons, ou podem ser visões. Você desce as ruas e seus olhos podem ser capturados por um anúncio atraente e sua mente será atraída para aquele anúncio. Quando você sente o perfume de alguém, sua mente fica emaranhada com aquele objeto. Tudo isso são causas de distração. Para controlarmos isso, para diminuir essa distração, precisamos de um tipo de guarda que possa proteger a mente de ficar envolvida com os objetos dos sentidos, de ficar emaranhada em pensamentos insalubres. Este guarda é a atenção plena (mindfulness)”.
PETER D. SANTINA, em “Mental Development