Uma cena maravilhosa — e curadora — do filme Angel-A (2005), de Luc Besson, segue abaixo. O espelho é um recurso conhecido do processo terapêutico e esta cena é praticamente um momento de revelação, de auto-revelação, e de amor — de auto-amor. A projeção desaparece, num lindo momento de reconhecimento da própria existência em si mesmo, e logo depois é feita a declaração aspirada por toda uma vida. A auto-referência aqui é uma experiência necessária, a cura do mundo projetado (com tantos e todos os seus objetos) e o apaziguamento de uma épica busca, que acontece em vão. Sem o dar-se conta dessa imensa projeção, sem a percepção que está em si mesmo, e sem o primeiro passo do auto-amor, não há saída para o samsara humano.
São 5 bonitos minutos para se assistir. Assista: