“Acredito que 4/5 da conversa humana, de todos, no mundo todo, o tempo todo, é conversa fiada, o passatempo fundamental da humanidade. (…) Só é meu o aqui-agora, só nele posso fazer, acontecer, existir, preparar. Se perco meus momentos, muitos deles, no papo vazio, estou irrealizando-me o tempo todo e deixando o sistema se reforçar cada vez mais, em mim e no meu inteligente interlocutor. Não raro, estamos os dois falando como mudar o sistema, sem perceber que esta discussão é parte-legítima do sistema”.
~ JOSÉ ANGELO GAIARSA, em “Reich – 1980”
Qual a solução para reconquistarmos 80% de nossa experiência de vida diária? Como substituir a conversa fiada que suspende o aqui-agora em prol de uma dimensão abstrata que bloqueia a realização, via de regra intoxicada de conceitos e classificações e julgamentos?
Não há como realizar isso sem treinar a mente e re-alinhar os hábitos mentais. Citando o título de um livro do estudioso budista Alan Wallace, essa é a revolução da atenção. Atenção ao aqui e agora. Junto desse desenvolvimento de uma mente aberta e viva no real, me parece necessário também que isso esteja fundamentado em um interesse genuíno nesse treinamento e que também exista o empenho nessa capacidade de perceber cada vez mais, no dia-a-dia, as ramificações que a conversa fiada toma.
Somos so sequestradores e os sequestrados nesse crime contra a vida real.