O grande psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (187501961) nunca foi um gestaltista, e na verdade a Gestalt Terapia só viria a começar propriamente nos últimos 10 anos de sua vida (Anos 50), e apesar de algumas idéias e posições clínicas de Jung terem influenciado decisivamente a Gestalt, como as polaridades e o conceito de sombra, sua base estava mais próxima da Psicanálise de Freud do que da Gestalt. Mas o trecho da carta abaixo é apenas uma passagem curiosa — e bastante gestaltista em sua essência, poderíamos dizer — de Carl Jung a um conhecido, Sr Warner S. McCullen, datada de 4 de junho de 1956. Nela, Jung expõe uma postura menos envolvida com teorias e investigações do passado e totalmente comprometida com o momento presente, e com as dificuldades que o paciente apresenta para poder vivê-lo aqui e agora. O Sr McCullen era um conhecido que tinha dúvidas sobre seu processo terapêutico e escrevia a Jung perguntando sobre a perda precoce da mãe.  A carta completa, em inglês, está reproduzida neste site, e pode ser encontrada originalmente no livro “Carl Jung Letters Volume II“.

“Não tem importância saber qual a possível causa original de tal problema. A busca pela causa pode ser enganosa, já que a existência do medo continua, não porque foi originalmente iniciada num passado remoto, mas porque uma tarefa está acionada em você no momento presente, e, enquanto permanecer não finalizada, todo dia ela produz medo e culpas de novo.

A pergunta é, claro, qual você sente ser sua tarefa? Onde o medo estiver, lá está sua tarefa!

Você deve estudar suas fantasias e sonhos para encontrar o que você deve fazer ou onde você pode começar a fazer alguma coisa. Nossas fantasias estão sempre flutuando sobre o ponto de nossa insuficiente onde um defeito deve ser compensado.”

— Carl G. Jung, “Letters Vol. II”

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